PERDENDO A FORÇA

Lançada em 2002, a campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” já chegou a fazer barulho na TV brasileira ao divulgar listas de programas considerados de baixo nível e pressionar seus anunciantes. Hoje tem pouca visibilidade e não causa mais a mesma preocupação às TVs.
O mesmo aconteceu com a ONG TVer, fundada em 1997 por vários profissionais de psicologia, comunicação e educação, inclusive Marta Suplicy, que ganhou holofotes ao bradar contra a baixa qualidade televisiva.
No ano passado, Sônia Abrão, da Rede TV, entrevistou ao vivo o seqüestrador da estudante Eloá Pimentel. O mesmo programa sempre investiu em baixaria para conquistar alguns pontinhos de audiência. Em 2008 o programa “Tarde é Sua” ficou em quinto lugar no ranking da baixaria da TV, da Câmara dos Deputados. E daí¿ Ninguém ficou sabendo, nada foi feito, e Sônia Abrão continua utilizando o mesmo método em seu programa, em pleno período vespertino.
Luciana Gimenez e seu programa “Superpop” também integram o ranking da baixaria na TV em 2008, e se não bastasse ser reincidente, já que em 2007 também encabeçou a lista, a Rede TV, não parece nem um pouco preocupada em qualificar a “atração”, pelo contrário, revirou o “baú” do SBT e criou uma banheira no mesmo estilo do extinto quadro do “Domingo Legal”, com direito a closes genitais e reprise dos melhores (piores) momentos. Por bem menos o também extinto “Programa do Ratinho” foi abolido da programação do SBT, após perder anunciantes, na época nenhuma empresa almejava associar sua marca a um programa que dominou por dois anos seguidos o ranking.
O esportivo “Terceiro Tempo”, comandado por Milton Neves, na Band, o humorístico “Pânico na TV”, da Rede TV, e o “SP no Ar”, da Record, também integram a lista. O resultado foi encaminhado ao Ministério Público Federal pela coordenação da campanha. O objetivo é que seja elaborado um termo de ajustamento de conduta, pelo qual as emissoras assumam o compromisso de não mais veicularem conteúdos ofensivos aos direitos dos cidadãos previstos na Constituição e na legislação em vigor. Mas o resultado, todos já sabemos, todos os programas indicados pelos telespectadores passam a ganhar ainda mais força e investe pesado na baixaria.
Será que a TV brasileira passou a ser inatacável ou as pessoas simplesmente não estão mais interessadas em discuti-las¿
A TV não traz novidades e perdeu a capacidade de provocação. Isso não significa que todas as emissoras pioraram, afinal é louvável o esforço de algumas emissoras em reconquistar o público perdido. Mas é necessário muito mais que isso, principalmente começar a qualificar melhor suas programações, antes que seja tarde demais.
Que as emissoras passem a olhar um pouco por nós. Sem nenhum trocadilho, Amém!.