João Emanuel
Carneiro é, inegavelmente, um fôlego novo na teledramaturgia brasileira. Os
seus folhetins serão lembrados por muito tempo por dá uma sacudida geral no
gênero. São dele, juntamente com os seus colaboradores, novelas que trouxeram
mudanças na maneira de contar uma história um tanto distante dos padrões fixados
na telinha nos últimos anos. Não raramente a temática vem requentada, só
trocando a roupagem.
Desde “A Cor
do Pecado” (2004), novela mais bem sucedida da faixa das 19horas nos últimos
dez anos, quando ele estreou na carreira solo, depois de colaborar com Maria
Adelaide Amaral em "A Muralha" (2000) e "Os Mais" (2001),
com Euclydes Marinho em "Desejos de Mulher", João Emanuel Carneiro
provocou barulho. Preta, personagem de Taís Araújo, competia com a ardilosa Bárbara,
vivida por Giovanna Antonelli, na briga pelo amor de Paco, papel de Reynaldo
Gianecchini. A mocinha, nascida no Maranhão, levou a melhor e ainda deu um neto
mestiço para o empresário Afonso (Lima Duarte). Já ali alguns ‘dogmas’ da TV
caíam por terra.
Após dois
anos, em 2006, ele voltou ao horário das sete com "Cobras &
Lagartos", que teve a missão, bem-sucedida, de recuperar a audiência
perdida para a Record, que ganhava com o "Prova de Amor", de Tiago
Santiago. E conseguiu, a novela fechou com 39 pontos de média-geral, sendo
assim a segunda maior audiência do horário das 19h deste século, perdendo
apenas para "Da Cor do Pecado".
Em 2008,
escreveu a novela "A Favorita", sua primeira novela das 21h. A trama
teve o total de três fases. A primeira delas é onde há o mistério sobre a
identidade da verdadeira assassina de Marcelo (Flávio Tolezani): Flora
(Patrícia Pillar) ou Donatella (Claudia Raina), a segunda, onde há a revelação
da verdadeira assassina e da viã e seus atores, e a terceira, onde a vilã é
desmascarada pelos demais personagens.
Mocinha já se
perdeu faz tempo o posto de preferida. As protagonistas do bem amargam a
indiferença do público não é de hoje. Principalmente se tem uma vilã para esmaga-las.
Mas, agora, em “Avenida Brasil”, o autor criou uma das melhores, se não a
melhor, mocinha das novelas. Nina, vivida brilhantemente pela ótima Débora
Falabella, tem sede de vingança e não quer saber se ‘os fins justificam os
meios’. O telespectador pode até ter se cansado de sua obsessão pela ‘vingança’
que queria fazer contra Carminha (Adriane Esteves), mas basta lembrar do
rostinho meigo da Rita (Mel Maia), criança, sendo jogada no lixão, na primeira
fase da novela, pela bruxa má e seu comparsa Max (Marcello Novaes), para dar um
motivo convicente à razão de Nina.
O folhetim,
que se tornou fetiche no Brasil, arrebata a audiência de forma indiscutível, é
assunto em mesa de bar, salão de beleza, academia, sala de espera de
consultório, nas redes sociais com força total, mas especialmente no sofá do
telespectador. A vilã da vez, Carminha, cuja interpretação de Adriane Esteves é
igualmente digna de aplausos, é um espanto dentro da imaginação do autor e na
interpretação da atriz. Não se pode agradar a todos, mas, no geral, fomos
fisgados pela mulher que se faz de santa, mas tem alma diabólica. E o que dizer
sobre Santiago (Juca de Oliveira)? Aquele Gepeto, by Nilo (José de Abreu), com
pura maldade no coração? João Emanuel Carneiro também fez críticas à estrutura
familiar e até às igrejas católica - com o ‘corrupto’ Padre Solano (Márcio
Tadeu Lima) -, e evangélica - com a falsa moralista Soninha Catatal/Dolores
(Paula Burlamarqui).
No mais, o
elenco estelar, encabeçado pelos já citados (Débora Falabella, Adriana Esteves,
Juca de Oliveira, Marcello Novaes e José de Abreu) e completado por Vera Holtz,
Marcos Caruso, Murilo Benício e Leticia Isnard; com alguma ou outra derrapada
que não ameaçou em nada a força da novela, “Avenida Brasil” vale mesmo o quanto
pesa. Mas, João Emanuel Carneiro, nos últimos três dias – termina na
sexta-feira (19) – tem um desafio pela frente: provar ao telespectador que sua
vilã por causa de um passado cabeludo, faz jus ao que se tornou e à prodridão
de caráter, atitude e armação que ele quis mostrar durante quase sete meses de
novela. Ou seja, um final de ouro. Do contrário, poderá frustrar alguns de seus
muitos seguidores.
13 comentários:
Excelente crítica. João Emanuel Carneiro é tudo isso e muito mal. Como a Fernanda Montenegro bem disse, "Avenida Brasil", no geral, é uma inovação.
João Emanuel Carneiro teve um erro grande. Não aproveitar o talento da Nathália Dill, que acho ótima. No mais, a novela é show.
16h39 Globo 6.4, SBT 5.8, Record 4.5, RedeTV! 2.7, Band 2.1.
Avenida Brasil não é isso tudo que os críticos e celebridades falam. A novela teve barriga, núcleos desinteressantes e etc.
Deveria ter assinado, Daniel Castro. hehehe
Avenida Brasil é uma ótima novela e o João Emanuel Carneiro o melhor autor de telenovelas do momento. O cara sempre procura contar boas histórias.
Beijos!
Se for mesmo com o núcleo do Cadinho não será um final de ouro.
Vida longa ao ótimo João Emanuel Carneiro. Concordo com tudo.
Por enquanto, o João Emanuel Carneiro ainda não me convenceu sobre os motivos que fizeram a Carminha se tornar uma vilã, capaz de fazer tantas atrocidades.
Geralmente, quando a novela começa muito bem, tem um andamento bom, o final é ruim. Espero que isso não aconteça em "Avenida Brasil".
Depois de "Avenida Brasil", o meu horário das 21h ficará vago. "Salve Jorge" nem pensar.
Vai procurar um livro para ler, Dona Maria.
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